domingo, 27 de janeiro de 2013

a vida é ou não é efêmera?


acho que o dia de hoje nos colocou para pensar. 
talvez o impacto se deu pela grandiosidade do horror. pela dor coletiva de centenas de familiares, que atingiu a todos nós. digo isso porque a dor deles não é diferente da dor de cada pai, mãe, filho, irmão, esposo, esposa, amigo que diariamente tem a vida de um ente amado ceifada tragicamente. a morte é sempre inesperada, sempre. seja assim, por uma fatalidade, por uma enfermidade, por uma bobeira qualquer. mas o que me aterroriza, é que estamos convivendo com uma violência gigante, e parece-me que nos acostumamos a ela. faz parte da característica de adaptação do ser humano, acomodar-se nos novos moldes a ele imposto. já não nos assustamos mais, já não nos surpreendemos, nem nos sensibilizamos. talvez com uma ou outra coisa mais impactante, como essa de hoje que tirando exceções, chocou a todos. mas de modo geral, vulgarizou-se a dor, (do outro), porque a nossa não tem como calar, e ela chegou num volume que nos faz surdos a tudo que não nos diz respeito. triste realidade. é tanto clichê quando se diz que não se deixa para amanhã o que se pode fazer hoje, que todo o sentido implícito nisso perdeu-se junto com todo o amor que estocamos em nossas almas por orgulho ou preguiça em compartilha-lo. a vida é ou não é efêmera? fica tudo tão sem sentido para mim. toda a busca, tanta busca. 
de que vale tudo o que se alcança se não houver retorno a todos que mesmo que de longe contribuíram com o que se conquistou. o mundo vai além do nosso mundinho, dos nossos amores. cada prato de comida passou por muita gente até chegar em nossas mesas. cada criança morta por uma bala perdida, deixou um vazio numa família que poderia ser a nossa, e que de certa forma é. 
como reverter? como explicar que toda a causa que se funda em ganância, é por si só infundada? quando é que o mundo vai perceber que é o que dividimos que nos torna humanos? quando vai ficar claro que no final das contas não faz a menor diferença o ouro da bijuteria? eu cheguei a pensar que tudo girava em torno do ter, mas o ser também é causa de crueldade. o ego pede por poder. tem sede de sentir-se de qualquer forma melhor, especial. e tudo isso para que fatalmente ou não seja findo pela morte que atinge a todos nós. brancos, negros, ricos, pobres, crentes ou incrédulos. 
Eu peço a Deus que meu coração não petrifique. 
Todos os dias eu peço. 
Eu oro para que limpe de mim a dor que qualquer um possa ter me causado, a dor que eu me causei. Eu não quero o rancor como meu inquilino. Eu não quero que amanhã chegue sem eu dizer te amo. 

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